Monthly Archives

setembro 2016

Sem consequência

By | O Discurso da Morte, Poesia | No Comments

É-se e deixa-se de ser em um milionésimo de segundo.
É o presente passado imediato.
É o presente futuro constante.
Somos assim. Somos sem tempo.
Somos, agora, o minuto que foi;
Somos, agora, o minuto seguinte.

O presente – o já! – não existe.
A não ser a hora da morte, da sua –
O único milionésimo de segundo definitivo.
Talvez, por isso, estejam todos tão obcecados pelo agora.
Só assim, não precisam ser nada.
Nesse eterno presente, não há o peso de existir.

 

Texto inédito realizado durante a produção do livro O Discurso da Morte. Poesia não incluída na obra.

O meu Mal

By | O Discurso da Morte, Poesia | No Comments

[…] é o outro a me dar comigo.
Pois os olhos foram feitos para olhar para fora,
não para dentro.
Enquanto estiver em mim,
me faltará o essencial… imparcialidade.
Pois sou eu a olhar o mundo…
não sou o mundo a olhar para mim.
Sou um farol. Ilumino caminhos.
O horizonte é o meu limite,
e o chão, a minha raiz.
Eis a minha sina:
enquanto estiver em mim,
olharei o mundo a partir de mim…
e eu sou ninguém.

 

Trecho do texto O meu Mal (2015). Poesia confeccionada durante a produção da obra O Discurso da Morte.