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O Discurso da Morte

Sem consequência

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É-se e deixa-se de ser em um milionésimo de segundo.
É o presente passado imediato.
É o presente futuro constante.
Somos assim. Somos sem tempo.
Somos, agora, o minuto que foi;
Somos, agora, o minuto seguinte.

O presente – o já! – não existe.
A não ser a hora da morte, da sua –
O único milionésimo de segundo definitivo.
Talvez, por isso, estejam todos tão obcecados pelo agora.
Só assim, não precisam ser nada.
Nesse eterno presente, não há o peso de existir.

 

Texto inédito realizado durante a produção do livro O Discurso da Morte. Poesia não incluída na obra.

O meu Mal

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[…] é o outro a me dar comigo.
Pois os olhos foram feitos para olhar para fora,
não para dentro.
Enquanto estiver em mim,
me faltará o essencial… imparcialidade.
Pois sou eu a olhar o mundo…
não sou o mundo a olhar para mim.
Sou um farol. Ilumino caminhos.
O horizonte é o meu limite,
e o chão, a minha raiz.
Eis a minha sina:
enquanto estiver em mim,
olharei o mundo a partir de mim…
e eu sou ninguém.

 

Trecho do texto O meu Mal (2015). Poesia confeccionada durante a produção da obra O Discurso da Morte.

A origem da obra O Discurso da Morte

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São muitas as crises de um autor.
Há pouco mais de três anos, dei início ao meu novo romance. Sentia-me engajado ao plano de retornar às origens. Meu primeiro livro, aquele que em primeiro escrevi, era um romance. Meu segundo também. A poesia, meu estilo literário predileto, já dava o ar da graça. Empenhava-me em intercalar narrativas com versos.
Contudo, não poderia contar com o acaso. Em meio à conturbada confecção daquela nova obra, travei. Prova de que as mãos e os pensamentos também se calam. Do súbito silêncio, nasceu O Discurso da Morte, uma flor intimista, brotada em forma de poesia.
Versos sempre me fizeram e me resgataram. Foi assim com meu novo lançamento. Seu poder restaurador me devolveu por inteiro ao romance e – por que não? – a mim. Uma obra – percebo! – nunca teria sido possível sem a outra, do mesmo jeito que me tenho feito assim, de silêncio em silêncio, de palavra em palavra.